Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo - Uma obra-prima

Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo (original: Everything Everywhere All at Once) é um filme que vos vai fazer refletir sobre a existência, as escolhas que fazemos e como a nossa vida poderia ser diferente. Um filme fantástico onde achar defeito é difícil.


Para quem gosta da ideia do Multiverso, este é o filme ideal. Por coincidência, o "Dr Estranho e o Multiverso da Loucura" e "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" estão em cartaz ao mesmo tempo e é difícil ignorar que ambos os filmes têm o mesmo conceito, a existência de um multiverso, mas a execução não poderia ser mais diferente.


⚠️  Atenção: Spoilers a seguir incluindo de Dr Estranho e o Multiverso da Loucura⚠️


Não vou alongar muito as comparações entre os dois filmes até porque é injusto, enquanto num tem magia o outro tem filosofia, num uma mãe sem filhos, no outro mãe luta para manter a sua filha, num o multiverso é salvo no arrependimento, no outro é salvo pela bondade e gentiliza.

Vamos tirar o Dr. Estranho da conversa e focar nesta obra-prima.


A história

Evelyn (Micheele Yeohn) é uma imigrante nos Estados Unidos que têm uma lavandaria. Tenta manter o seu negócio e escapar de um auditora à declaração de imposto. Ao mesmo tempo está a se divorciar de Waymond (Ke Huy Quan), a cuidar do seu pai idoso e a lidar com o afastamento da filha.

Através da tecnologia, um Waymond de um outro universo se liga à mente do Waymond do universo de Evelyn e assim começa a aventura.


Porque é que o filme é bom?

Eu terminei o filme com uma sensação de "uau, o que é que acabei de ver?!" porque o filme tem várias camadas como uma cebola. A mensagem ou mensagens do filme serão diferente de pessoa para pessoa. 

Para mim, o filme tem essencialmente duas mensagens.

A primeira nos faz refletir sobre as escolhas que temos e de como as nossas vidas poderiam ser diferentes. Por exemplo, se em vez de casar com o amor da nossa vida, se optássemos por terminar o namoro.

Aqui o filme nos leva por uma complexa, profunda e sentimental reflexão sobre o assunto. Evelyn é infeliz no seu universo e tem a oportunidade de ver como a sua vida poderia ser diferente se, em vários momentos, ela fizesse algo diferente.

No fim do filme, há uma mensagem bem bonita. De todas as versões que ela tem, há uma constante, que é o amor. Apesar do sucesso de outras de suas versões, ela se mantém incompleta.

Gostei especialmente que Evelyn no fim reconhece que por mais ruim que as coisas possam parecer, por mais raiva ou desilusão com o mundo, o universo nos encontra alguém que perdoa as nossas falhas e nos ama do jeito que somos.

A segunda mensagem do filme, talvez aquela que mais me comoveu e quase chorei (e acreditem que tenho uma pedra de gelo no lugar do coração quando se trata de filmes) foi a parte final de Evelyn com a sua filha Joy (Stephanie Hsu).

Entendi que o filme fala sobre depressão ou tristeza. Joy está profundamente triste e deseja desaparecer porque no fim, nada interessa. Joy não sente o afeto da mãe, nem o reconhecimento da sua relação com Becky (Tallie Medel), sua namorada.

A emocionante viagem de Evelyn e Joy através das várias experiências das suas versões alternativas faz de facto que ambas entendam que no fim nada interessa, então se nada interessa, porquê se manterem afastadas uma da outra em sofrimento? A bondade ou a gentileza é a chave para tudo, da aceitação, do amor para filha, como enfrentar as dificuldades da vida.

No fim tudo se resolve.

Este é seguramente um dos melhores filmes do ano e provavelmente receberá o seu devido reconhecimento nos Oscars.


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