Round 6 - O Jogo Continua

Em 2021, quando a primeira temporada de Round 6 (ou Squid Game dependendo de onde vivem) foi lançada na Netflix, o sucesso foi imediato. Estamos no pico da pandemia da Covid19. Muitos de nós estamos isolados em casa e precisávamos de um escape.



Round 6 mostrou como as fragilidades podem levar as pessoas a fazer parte de coisas ignóbeis por dinheiro. A primeira temporada contava com personagens cativantes que jogavam jogos infantis por dinheiro, mas o twist da história era: quem perdesse morreria. Cada morte equivalia a uma quantia em dinheiro.

A primeira temporada terminou com apenas um vencedor e um desejo de vingança.

A segunda temporada é mais do que os jogos

A segunda temporada se passa em dois cenários, dentro e fora do jogo. Fora do jogo, começam a contar os esforços de Seong Gi-hun (Lee Jung-jae) em encontrar a organização responsável pela realização dos jogos, a busca incessante do detective Lee Jung-jae (Wi Ha-joon) pela localização da ilha e tentar encontrar a razão pela qual o seu irmão (Lee Byung- hun) é o homem mascarado que se ocupa por gerir os jogos.

Ao mesmo tempo, novas personagens são introduzidas, como Gyeong-seok (Lee Jin-wook), o artista de rua que não tem dinheiro para tratar da sua filha e No-eul (Park Gyu-young) que procura a sua filha perdida na Coreia do Norte que acabam também dentro dos jogos mas em papeis diferentes. Gyeong-seok como participante e No-eul como um dos ajudantes responsáveis por eliminar os participantes.



Já dentro do jogo, outras personagens carismáticas se juntam, como a grávida abandonada pelo namorado, a mãe que se junta para pagar as contas do seu filho, o filho que se junta para dar um recomeço à sua vida e à vida da sua mãe, a transsexual que procura a liberdade de ser quem é fora da Coreia do Sul, se juntam a outras detestáveis como o empresário endividado, o rapper drogado e falido junto com o seu amigo.

A isto se junta o tráfico de órgãos que acontece às escondidas da organização e todo o drama da vida, morte, ganância e sobrevivência causado pela dinâmica do jogo.

O final da temporada deixa um gancho para a terceira e última temporada e as cenas pós-créditos dão a ideia de que o Squid Game: The Challange, o Round 6 da vida real (aquele jogo de competição inspirado na série), vai voltar.

É bom?

Eu considero que esta temporada é uma boa continuação da primeira. Em termos narrativos, começar do zero com um novo jogo ignorando os acontecimentos passados não seria bom. Seria apenas uma repetição da primeira, o que não seria positivo.

A temporada dedica uma boa quantidade de tempo a explorar, a construir e a aprofundar as personagens fora do jogo. Isto nos ajuda a estabelecer uma empatia por elas, mas também a entender os seus objetivos e as suas motivações.

Na minha perspectiva, a série mantém a qualidade e a minha classificação é 9/10, porém as reações online, apesar de favoráveis no IMDB, dão uma classificação inferior à primeira, de 8.1/10 para 7.5/10.

As críticas


As críticas são baseadas na sua maioria em 3 tipos. A temporada termina com a história a meio, supostas falhas na narrativa juntamente com o fraco desenvolvimento das personagens e acusar a Netflix de ter transformado a temporada em propaganda .

Sobre a primeira crítica, sim, de facto a história termina a meio, o que pode causar desapontamento pela história não ter o desfecho depois de se investir tempo para assistir aos 7 episódios, mas quanto às outras duas críticas, elas são injustas. 

A série tem uma parte considerável do seu tempo a contar mais sobre as personagens do que simplesmente os jogos, e quanto a ser propaganda woke, a mera presença de uma personagem transexual, neste caso Hyun-ju (Park Sung-hoon), não faz um programa woke, contar histórias desse universo também não. A meu ver, esta comunidade anti-woke representa uma boçalidade tão ignorante por estar demasiado ocupada em ver woke onde ele não existe e demonstra um transtorno obsessivo e delirante.



As críticas sobre a personagem trans, não se ficaram pela boçalidade redutora. A outra crítica, no espectro oposto, sobre a personagem é que ela foi interpretada por um homem cisgénero em vez de uma actriz transexual. 

O produtor da série esclareceu posteriormente o porquê da sua escolha:

Quando pesquisámos na Coreia, não há praticamente nenhum actor que seja abertamente trans, muito menos abertamente gay, porque, infelizmente, na sociedade coreana actual, a comunidade LGBTQ ainda é bastante marginalizada e negligenciada, o que é de partir o coração.


Conclusão

Round 6 não desilude, temos os elementos da primeira temporada e uma continuação digna deste sucesso da Netflix que já tem a terceira e última temporada já prometida para 2025.



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